Nesta quarta feira ( 08/03/2017 ), Emicida lançou o clipe de uma das mais bonitas músicas de seu segundo albúm de estúdio “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…” ( 2015 ) ao lado de nada mais, nada menos, que Caetano Veloso.
O clipe, dirigido por Moysah e co-dirigido pelo próprio Emicida, tem como pano de fundo as belas paisagens dadas pelo patrimônio histórico, paisagístico e cultural da capital baiana Salvador e o foco principal na mulher negra e baiana.
Emicida dispensa apresentações. O MC paulista de 31 anos, é inquestionavelmente, uma das maiores referências da cultura Hip Hop, e segue se aprimorando, se reinventando e quebrando barreiras, sejam elas ideológicas ou estéticas. A história e produção do músico e sócio/proprietário da Laboratório Fantasma ( empresa que se divide entre agenciamento de artistas, produção de eventos e comercialização de produtos diversos ) é reconhecida por toda classe artística brasileira, e isso transparece na parceria que seu deu na música ” Baiana ” com um dos maiores nomes da música brasileira, e talvez o maior representante da Tropicália (movimento da cultura, música e artes plásticas que ecoou no final da década de 60, sob o regime militar, sobre forte influência da cultura pop, do rock e de correntes de vanguarda) , Caetano Veloso.
Caetano também dispensa apresentações, é um os maiores nomes da nossa MPB, é músico e compositor reconhecido internacionalmente, e aos 74 anos, continua produzindo arte pra encher os ouvidos.
O MC, usa da figura da mulher baiana como metáfora pra exaltar e agregar de valor, as icônicas paisagens históricas e naturais do estado da Bahia, patrimônio, assim como figuras da história, da cultura e da mitologia Iorubá e da religião Candomblé, enfim, ressaltar a grandiosidade, beleza e importância histórica do estado na narrativa de um país.
“A música descreve a Bahia como se ela fosse uma mulher”. “Um parceiro meu disse que Caetano cantou ‘Sampa’ sendo baiano, e agora a gente devolve com ‘Baiana’ sendo paulistano. Acho que é isso.” Disse o MC paulista a imprensa. É isso… mas não é só isso, ” Baiana ” é também uma forte declaração sobre o valor da história e povo baiano em uma época em quem um país dividido tem permitido discursos racistas e xenófobos, ” Baiana ” é o resgate a musicalidade nordestina e uma representação do processo de produção artístico em sua essência, onde a influência histórica/musical não consegue passar desapercebida pelo agente, resultando na linda simbiose que é o trabalho, resultado esse, que merece muita atenção em uma fase em que muito do rap, tem se limitado a seguir a “receita do bolo ” americano, ou melhor, do cupcake. “Baiana” é bonita, negra, brasileira, importante e nos apaixonamos por ela.