Nascido no dia 3 de abril de 1973, Mauro Mateus dos Santos viveu a maior parte de sua vida na zona sul de São Paulo, principalmente na favela do Canão, mas também Vila da Paz, Boqueirão e outras, em geral presentes em suas rimas e importantes para sua trajetória. Foi no retorno para casa, depois de deixar sua esposa Maria Dalva da Rocha Viana no trabalho, que foi assassinado com quatro tiros na Avenida Professor Abraão Moraes, em São Paulo.
Sabotage, na época, inspirava milhares de jovens com suas rimas carregadas de realidade. Ele mesmo foi um exemplo de quem saiu do tráfico para fazer versos sobre a vida na periferia.
Sua morte gerou a prisão de Sirlei Menezes da Silva, sete anos depois do ocorrido. A polícia cogitou desavenças como motivação do crime, sugerindo alguma relação com os tempos em que Sabotage ainda estava no tráfico. No julgamento Sirlei afirmou que não tinha cometido o assassinato, e que teria sido torturado pela polícia para confessar o crime anteriormente.
Relatos de amigos e da esposa dele dão conta de que naquele momento Sabotage já não mantinha desafetos, tendo largado do tráfico há anos. Naquele momento ele tinha uma carreira brilhante, há três anos lançara o álbum “O rap é compromisso”, e trabalhava também com outras parcerias e em outras produções, algo que um artista como ele jamais deixa de fazer.
Ele foi assassinado um dia antes do que seria certamente um grande momento de sua carreira. Seria uma das atrações no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, onde se encontraria com movimentos sociais vindos do mundo inteiro para se contrapor ao Fórum Econômico Mundial em Davos sob a consigna de “Um outro mundo é possível”.
Hoje, ainda é lembrado nos palcos por aqueles com que dividiu experiências, como RZO e Racionais. Inclusive um álbum póstumo dele foi lançado em 2016. Além de seus antigos parceiros de rimas, as novas gerações do RAP também carregam a mensagem de seu legado. O sentido de “o Rap é compromisso” se faz presente nas batalhas de rima, slams, improvisos. E foi falando sobre a vida da população negra e pobre da periferia, que sofre com a fome, desemprego, e que conseguiu traduzir em poesia o sentimento que corria em suas veias que o fez batalhar por sua vida e de seus próximos.
Sabotage PRESENTE!