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Sobre Nabrisa e deixar a luta para quem é da luta

Com a ascenção do rap nacional e principalmente com a popularização do mesmo na classe média podemos ver diuturnamentos discursos racistas, misógenos e desnecessários, acho que já passou a hora de refletirmos.

O mais novo e lamentável discurso chegou pela Nabrisa, artista que vem ganhando bastante destaque pelo seu talento e bela voz (Não vamos desmerecer, né ?). Ontem (16) chegou o Perfil #54 da Pineapple, estreando Nabrisa; som em questão se chama “Passarin” e ao começarmos ouvir vamos pensar “ele é bom sim”, a jovem falou da dificuldade passada por ser pobre e mulher, até aí está perfeito. Ao passarmos da metade da música depararemos com alguns versos extremamente desnecessários, “de cortar a brisa”.  A rapper trouxe o seguinte:

Inferno é pra branco e pra preto
Na cadeia tem branco e preto
Na favela tem branco e preto
O rap é pra branco e pra preto
E todo preço já foi pago
Eu não preciso dar um jeito.

Qualquer pessoa com bom senso e alinhado às lutas sociais perceberá o problema disso. O verso está deslegitimando uma luta secular dos negros em busca da igualdade, o Brasil é um dos maiores países de desigualdade racial, ou seja, a grande maioria dos pobres são negros e a grande maioria dos brancos possuem o mínimo de condição financeira, com exceções obviamente. Se olharmos o sistema carcerário veremos exponencialmente negros, estes que entraram por crime por N motivos, motivados pelas condições desumanas que o Estado colocou nas periferias brasileiras. O preço não foi pago, talvez nunca será pago, o povo negro até hoje é crucificado; sendo seguido ao entrar no supermercado, na truculência policial ou na dificuldade de arrumar um emprego.

Devemos pensar muito bem em quem estamos ouvindo, em quem estamos colocando no topo com números faraônicos. Nabrisa foi bastante infeliz, talvez por imaturidade visto que tem apenas 17 anos, não cabe a mim crucificar muito menos passar pano, apenas levantar a reflexão. Creio que o mais sensato – pelo menos por hora – seria levantar críticas do que realmente tem propriedade; os problemas da periferia e os preconceitos sociais contra as mulheres, principalmente dentro do rap.

Aqui está o vídeo de “Passarin“, tire suas conclusões:

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