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FBC e a proclamação do Padrim

“Ouve meu disco. É dia 15 de Novembro”. Se você é fã de rap nacional e ainda não leu essa frase, provavelmente não entrou nas redes sociais nos últimos dias. Considerada, por alguns, agressiva, chata ou até mesmo infantil, a estratégia de FBC não deixa de ser eficaz. E, pelo visto, para ele, pouco importam os meios, desde que seu objetivo seja alcançado: fazer os ouvintes tocarem suas músicas e irem aos shows.

A tática não é nenhuma novidade no mundo da música, muito menos na carreira do próprio rapper. Na época, o álbum de estreia, Sexo, Cocaína e Assassinatos (S.C.A), teve boa repercussão também por causa da insistência nas redes sociais. Se o resultado não foi ruim, é natural que Fabrício siga com a fórmula, afinal de contas, em time que está ganhando não se mexe.

Padrim é o segundo álbum de estúdio do artista, que tem 16 anos de carreira no hip-hop num início de trajetória bem espontâneo, como ele mesmo relata:

– Eu tava fumando num beco e comecei a fazer um improviso de zueira, brincando com a música O Papa é Pop, do Engenheiros do Hawaii. Na época, o pontífice era o alemão Bento XVI, daí eu peguei a melodia e lancei “O papa é nazi, o papa é nazi, os nazis não poupam ninguém”. E aí um camarada reparou nisso, disse que eu levava jeito e falou que rolava uma batalha de MCs no centro de Belo Horizonte, daí eu fui colar, mas no início não tava sabendo onde era. Comecei a colar no Duelo de Mcs desde a segunda edição, foi o início de tudo.

E foi mesmo. De lá pra cá, FBC contabilizou mais de 10 anos batalhando e somando vitórias no que mais tarde viraria a maior competição de freestyle do Brasil, sendo um dos maiores vencedores ao lado de Douglas Din e Vinição.

O encontro, que acontecia todas as sextas-feiras, foi fundamental para a formação do artista e sua imersão na cultura hip-hop. Lá ele conheceu MCs, ativistas e grupos como Família de Rua, Contraste, Retrato Radical, Arizona, Flávio Renegado, Simpson Souza, entre outros. Mais tarde, formou o De La Rima e Caos, com Well, DougNow, Hot e Coyote. Este era o embrião do DV Tribo, coletivo que conquistou muitos fãs pelo país.

– BH sempre teve uma cena interessante e independente do eixo Rio-São Paulo, algo parecido com o que rola em Brasília. Depois de Sulicídio, passaram a olhar ainda mais pros caras daqui e isso só contribuiu pro crescimento da galera.

Agora, aos 30 anos de idade, Fabrício sente que é seu momento de brilhar, após os sucessos recentes de seus conterrâneos Djonga, Sidoka, Hot e Oreia.

– Toda a galera do DV Tribo aprendeu as paradas comigo e o Coyote. A Clara Lima, o Djonga, Hot, Oreia… É como se eu tivesse apadrinhado todos eles. O nome do disco vem um pouco disso aí, porque de certa forma já sou um veterano na cena.

E que seja. O rap nacional vive uma boa fase, com álbuns bem escritos, conceituados e produzidos para todos os gostos. Enquanto a data não chega, o que se pode esperar do disco é um trabalho diverso, como afirma o produtor fonográfico, Go Dassisti:

– Esse disco tem de tudo. Tem som pra bate cabeça, tem love song, tem um beat na pegada DJ Mustard, tem um trap com elemento de funk… Tem de tudo mesmo. Cada música é bem diferente da outra. O FBC me surpreendeu bastante, é um artista bem versátil. Não fiz nenhum sample, foi tudo tocado.

Até lá, é bem possível que as redes sociais continuem infestadas de mensagens do tipo “15/11” “disco do FBC”, como se fosse um alerta nuclear. Puta que pariu, Fabrício!




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