Djonga, rapper de Belo Horizonte que conquistou o Brasil com suas letras marcantes de forte viés social, disponibilizou ontem (13) seu novo álbum “Histórias da Minha Área“, sendo seu quarto projeto de envergadura disponibilizado em sequência, anualmente. Vitor Virax, rapper e membro do nossa equipe, fez uma resenha baseada na sua primeira audição do projeto, deixando sua opinião pessoal do mesmo. Confira:
Faixa 1 “O Cara de Óculos pt. Bia Nogueira”
Djonga não faz intros em seus álbuns e eu gosto disso, sua intro é começar o projeto com os dois pés na porta e esse não foi diferente. O mineiro já chegou com uma letra fortíssima e de muita técnica, jogos de palavras e metáforas invejáveis por qualquer MC que se preze.
Faixa 2 “Não Sei Rezar”
Ambientado num trap envolvente e minimalista, é bastante gostoso de ouvir. Djonga aborda o tema dos amigos e familiares que se foram cedo, emocionante, você poderá ouvir ao lado de boas companhias em momentos de lazer e curtir, tal como refletir sobre a letra a sós.
Faixa 3 “Oto Patamá”
Essa veio bem debochada, do beat a letra, mostra que a real formula do sucesso é manter-se real e não tentar ser o que não é. Podemos destacar diversas referências citadas sobre outros rappers, como Lil Pump, Pimp C e até 2Pac.
Faixa 4 “Todo Errado”
Após três canções de crítica sociais e reflexões pessoais, o rapper apostou em um lovesong que tem de tudo para bombar. Com um refrão extremamente viciante e versos com muitas metáforas com atos corriqueiros do povo brasileiro, é uma aposta viral do projeto.
Faixa 5 “Gelo pt. NGC Borges & FBC”
Confesso que me decepcionei nesta canção, apesar de bons versos vindo dos 3 artistas de peso, senti que o instrumental não colaborou e o refrão não me apeteceu. Mas é um som de conceito e sonoridade experimental, temos fortes influências do Funk Brasileiro e Miami Bass.
Faixa 6 “Hoje Não”
Ao contrário da última, achei este instrumental extremamente divertido e Djonga, chegou com um flow afiadíssimo passando sua óptica sobre nossa sociedade racista e as necessárias lutas do povo periférico para sobreviver nesta selva do cimento.
Faixa 7 “Mania pt. MC Don Juan”
Apostando em mais um lovesong, agora temos a participação de um consagrado MC de funk, assim como uma sonoridade e letra mais comercial que “Todo Errado” (e isso não é algo ruim). Acredito que esta música é a que mais bombará e possui grandes chances de transpor o nicho do rap e ganhar os braços de cena musical brasileira em sua totalidade.
Faixa 8 “Procuro Alguém”
A mais introspectiva até agora, tem um viés de amor platônico e podemos ver bastante sentimento e veracidade em cada frase dita. Bem despretensiosa quanto às técnicas, é um rap que toca a alma e possui uma sonoridade sutil, gostosa de ouvir, me lembrou um pouco os boombaps do J Cole.
Faixa 9 “Deus Dará pt. Cristal”
Reflexiva e de ótimo gosto temático, mostra como os que menos tem poder financeiro são os que mais dividem, ajudam o próximo. Nesta faixa destaco a rapper Cristal, esta que quebrou tudo e achei a melhor participação do projeto, não conhecia o seu trabalho e me interessei fortemente, quero acompanhá-la
Faixa 10 “Amr Sinto Falta da Nssa Ksa”
Introspectivo, forte, num boombap sampleado e bastante original, Djonga conta de todas as dificuldades que passou para conseguir seu lugar ao sol na cena do rap e ascender socialmente, junto disso, lamenta e questiona essa sua possibilidade continuar sendo uma grande exceção, seus irmãos sofrem.
Ficha técnica:
Beats: Coyote Beatz
Mix/Master: Arthur Luna
Produção Executiva: Ceia Ent.
Direção Criativa: Djonga e Alvaro Benevente (Alvinho)
Direção de Arte e Capa: Alvaro Benevente (Alvinho) Fotografia: Daniel Assis
Lyric Vídeo: Alvaro Benevente (Alvinho)
Ouça o álbum: