Apesar de todo o confinamento, o beatmaker e produtor Nansy Silvvz vive um 2020 extremamente positivo no âmbito profissional. Assinou produções no EP de Baco Exu do Blues (Não Tem Bacanal na Quarentena) e no disco de Raffa Moreira (BC Raff Album), além de anunciar ao RAPRJ estar produzindo duas faixas do próximo álbum de BK.
Com 23 anos, Nansy já tem no currículo o aclamado Esú, também de Baco, fora as diversas produções para artistas do rap nacional e internacional, como Akira Presidente, Kiaz, Blackout, Delatorvi, DaLua e Rey Ruchie.
– Você teve um começo de ano movimentado, com diversas produções nacionais e internacionais. Essa tem sido a sua melhor fase na carreira?
Acredito que a minha carreira seja contínua, tudo acontece de forma gradativa. Acho que não tive fases. Chegou num ponto em que apareceu a chance de fazer o disco Esú, do Baco Exu do Blues, que me trouxe oportunidades e que consequentemente trazem mais outras oportunidades.
A melhor fase seria se eu não tivesse produzido mais nada depois do Esú e não foi o caso. Depois disso, produzi pro Akira Presidente, Kiaz, BK e outros artistas, até fazer mais um trabalho com o Baco.
– Com o confinamento, a sua criatividade na produção de beats foi afetada de alguma forma?
Acredito que não. Até porque, a gente que é produtor fica mais confinado que outra coisa. A minha criatividade continua a mesma. Algumas vezes tenho uns bloqueios criativos quando brigo com alguém que gosto ou acontece algo que tira a minha atenção. Então eu paro, respiro, às vezes nem produzo e espero outro dia chegar pra ficar de boa e começar a fazer os beats.
Mas, no geral, me afetou mais por ter alguns projetos que não rolaram porque eu precisava me deslocar, mas tá tranquilo.
– Você reeditou em 2020 a parceria com Baco Exu do Blues, com o EP “Não Tem Bacanal na Quarentena”, três anos depois do sucesso de Esú. Como descreve as duas produções?
Acho que Esú foi um projeto em que eu e o Baco estávamos numa fase muito igual. A gente precisava mostrar para o Brasil que tínhamos o nosso valor.
Em 2016 eu já produzia pro Raffa Moreira, mas ele tinha e tem muitos haters, aí acabou não tendo tanto reconhecimento. E dali eu produzi uns três perfis na Pineapple e um projeto, mas ainda tava faltando alguma coisa. O disco foi uma carta na manga, a gente tava numa energia muito boa e tanto eu quanto ele estávamos querendo provar o nosso valor.
O Não Tem Bacanal Na Quarentena foi muito mais tranquilo, até porque a gente já se conhece melhor. Ele queria dropar umas músicas pros fãs durante a quarentena e queria falar mais sobre tudo o que tava acontecendo. A carga de responsabilidade não foi tão grande, não senti tanta pressão pra fazer os beats. Já somos reconhecidos, estamos mais tranquilos.
– Você trabalha frequentemente com artistas americanos já há algum tempo. Acha que lá o mercado é aberto aos brasileiros, ou tem muita panelinha?
É um país muito aberto, até porque os Estados Unidos recebem milhares de pessoas de todos os continentes, então eles são abertos a tudo. Claro que vai ter uma preferência pra quem é americano, isso é coisa óbvia. Mas tem muito produtor latino, um pessoal do Oriente também. Acho que é bastante aberto. Lá eles valorizam mais a qualidade, a mixagem e masterização. A vivência também conta.
– Que músicas você tem escutado ultimamente?
Tô voltando pra 2010, escutando bastante Birdman, Lil Wayne, Future. Escuto muito trap, mas também curto indie pra caramba. Mas ultimamento eu tô escutando mais essa galera do trap de 2010, 2012.
– Como você avalia a cena de beatmakers e produtores no Brasil?
A cena hoje me agrada. Há uns dois ou três anos não me agradava tanto. Tem bastante produtor que eu acho foda, que é referência, a cena deu uma melhorada. Claro que tem uns produtores que não sabem fazer beat e estão no topo, uns que pegam loop, que realmente não sabem entregar a parada. Dos que eu admiro, tem o El Lif Beatz e o KL Jay, que é clássico.
– Que dicas você dá pra quem está começando a produzir?
Ter um PC e baixar o FL Studio ou outra DAW (Digital Audio Workstation – Estação de Trabalho de Áudio Digital) que ele se identifique e aí estudar bastante. O primeiro de tudo é buscar conhecimento para depois botar em prática. Se você conseguir estudar e ao mesmo tempo já colocar em prática, ótimo. E sempre é preciso acreditar que vai conseguir, pensar como um produtor hype, pensar e agir como gente grande pra parada fluir.
De início, não precisa ter muito. Um PC, um fone e baixar uma DAW.
– Tem novos projetos em mente? Que novidades o público pode esperar do Nansy?
Vão ter duas produções minhas no próximo disco do BK. A gente tá produzindo outras faixas também. Vai sair bastante coisa bacana. Também têm novos projetos com o Baco, por enquanto essas sãos as novidades.
– Se pudesse mandar um beat pra qualquer artista, quem escolheria?
Mandaria pro Djonga, aí eu fechava o caixão. Já trabalhei com o Baco e com o BK. Se eu fizesse um beat pro Djonga, seria tipo uma tríplice coroa, produzir pra três caras pretos que são foda.