Um dos MCs de maior destaque nos últimos anos, Sos lançou hoje (25/06) o álbum Eu Nem Gosto Tanto Assim de Trap, produzido pela UCLÃ, banca em ascensão no rap nacional, com mais de 100 milhões de visualizações no YouTube e 50 milhões de reproduções no Spotify. O segundo disco do artista tem 12 faixas, com participações de Baco Exú do Blues, Sueth, Duzz, Kweller, VK Mac, Chris MC e Leall.
Cria de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o MC diz que o projeto é fruto do que viu, ouviu e viveu em sua praça. Apesar do título, o disco tem bastante trap entre as sonoridades, além da black music. Os instrumentais são de Peu, Mowk, M2, JnrBeats e 808 Luke.
“Controlei as ações com o Peu pra ter instrumentais que vocês sabem que vai ser algo foda antes da primeira linha ser cantada. Assim, quando ouvia ou recebia instrumentais que após minhas letras viravam um som digno de álbum, ele era premiado e ia parar lá (risos)”, diz o rapper.
Enfático, Sos reclama da falta de criatividade na cena nacional, que se preocupa mais em imitar os americanos. No processo criativo, conta que buscou exaltar à sua maneira as origens brasileiras.
“Procurei fazer todas as vertentes que o Trap nos oferece, por a brasilidade única que a gente tem e é esquecida porque poucos pensam assim, e desvalorizam suas raízes copiando gringo. Nunca curti, acho patético e fraude. Artista não copia nada de ninguém.”
Sos define que Eu Nem Gosto Tanto Assim de Trap é uma viagem aparentemente despretensiosa por dentro de sua própria mente. E faz um alerta aos ouvintes: nem tudo é o que parece ser.
“Cuidado, você pode não conseguir mais ver as coisas ditas nesta obra do mesmo jeito, eu não consigo. E depois da última música, de repente, talvez você seja outro que até goste de trap music, mas nem tanto assim.”
O álbum ganhou um single com videoclipe, PRJ, faixa que homenageia o bairro natal do rapper, Campo Grande. Apesar de ser a área de outros MCs talentosos, Sos acredita que ainda falta muito para o local tornar-se um polo atrativo na cena.
” Ninguém se importava com um carinha de Campo Grande que tava fazendo um som e tal e do nada (na visão deles, óbvio) tava quebrando a porra toda, então você também pode. PRJ é um agradecimento aos que me importam, é sobre encorajar conterrâneos, e dizer que eu não sou um representante da área apenas, é para qualquer um de lá representar também e entender que pode.”
Artista de um selo com mais de 450 mil inscritos no YouTube e mais de 720 mil ouvintes mensais no Spotify, Sos analisa o crescimento da UCLÃ, rechaçando qualquer polêmica. Para ele, o importante é fazer música.
“A gente merece ser visto. E é irônico dizer isso quando tudo que a gente tem pra oferecer é o que a gente é, músico, logo, tudo que gira em torno desse universo e não é música não me interessa, nem ao meu time. Falo isso por eles com a mão no fogo. Mas o público em geral prefere treta. Se eu explanasse tudo que já rolou comigo no rap, eu era mais hypado que o Matuê. Mas esse não é o foco. A gente tá crescendo do jeito certo.”
Impedido de fazer shows devido à pandemia de Covid-19, o rapper já fez uma live com a UCLÃ no final de abril e planeja mais uma, ainda sem data definida.
Com o confinamento, ele fala das mudanças de toda a rotina de trabalho, que acarretaram no atraso do álbum em três meses. A finalização do disco foi quase toda feita à distância, inclusive.
“Eu morava praticamente no estúdio até a pandemia começar, o próprio álbum atrasou 3 meses do previsto e praticamente toda a rotina dele foi mudada. A gente sabe da responsabilidade que se deve ter nesse momento, então foi necessário mudarmos alguns hábitos e eu fiz à distância grande parte da última etapa do álbum com o Tpires e China.”
Perguntado se largaria o trap, Sos é sincero, mas confessa que isso está longe de acontecer. O rap agradece.
“Faria sem muita dificuldade até, mas eu sou muito fã do que faço e não acho que seja algo que eu deva começar a pensar agora.”
Você pode ouvir o álbum completo do Sos aqui.
