A rapper B.art, de Pelotas (RS), lançou seu primeiro álbum visual “Filha do Sol”, no dia 12 de julho em todas as plataformas de streaming e já coleciona mais de 12 mil visualizações no Youtube. A produção foi patrocinada pela Natura Musical 2021 e busca contar a história através de elementos estéticos que dão sentido à narrativa, com roteiro e direção de B.art.
O nome do álbum faz alusão a Ra, Deus do Sol, força vital. Segundo a artista, ele se faz presente no disco de diversas formas: como luz e calor, o sol como um lugar a ser alcançado e o sol como uma bola laranja no espaço que aquece o planeta rumo ao fim da humanidade.
O destaque vai para a música Black Money, que fala da ascensão social e intelectual do povo preto, que acessam as universidades, tornam-se empreendedores e investem na sua quebrada. O clipe da faixa foi gravado no Still Black Still Proud Braids, salão de beleza afro da trancista Stephane Silva, no centro de Pelotas.
As faixas abordam diversas temáticas, como a espacialidade, por ser uma mulher africana na diáspora, buscando se territorializar, no sul do país, em um estado majoritariamente branco. Passa pelo epistemicídio, a busca por poder e dinheiro, caindo em outros questionamentos, acerca do mercado, do sistema e da globalização imposta pelo ocidente e seus efeitos.
“Em resumo, as marcas da colonização e tentativas de fuga que ainda a mantém presa dentro do mesmo sistema que luta contra, pois mesmo com dinheiro e poder, uma pessoa preta ainda é uma pessoa preta. Nessa busca por poder, outras questões são ignoradas, como as ambientais e a luta pela terra, por exemplo. Ter dinheiro e viver em um planeta que está pedindo ajuda e contribuir com a exploração, porque não existe riqueza sem haver exploração”, afirma a artista.
Em questão de produção, o álbum bem costurado com beats e rimas em um álbum de dez faixas produzido por Diabel Music, com participação Nina Fola, Zilladxg, Tay Oluá, Ébano e Marfim e o trapper Dalua colaborando com alguns adlibs. Conta com referências que vão de Solange à Erykah Badu e Rage Against The Machine, transita por diversas sonoridades acolhendo os mais diversos ouvidos.
“Da descolonização à busca por poder até a percepção de que poder em um mundo que pede socorro, não basta. Tá tudo errado.Descobrimos quem somos, recobramos nosso espaço, pedimos o que é nosso de volta. Lutamos por direitos, por igualdade, mas quanto tempo isso vai levar? E quando conseguirmos, o que ainda restará?A ação do ocidente causou mudanças profundas no modo de vida, não só para o povo preto e pra sociedade, mas para o planeta Terra.A história não é mais a mesma, o mundo não é mais o mesmo os “reis e rainhas” de hoje estão vivendo outro contexto.”Finaliza a rapper.