Faixa chegou com videoclipe nesta terça-feira (20) e abre caminho para primeiro álbum de inéditas do grupo em 22 anos.
“Senhoras e senhores, sejam todos muito bem-vindos ao começo do fim do mundo”. Trazendo o melhor da essência do Planet Hemp, “Distopia” é capaz de sintetizar o disco de inéditas que os fãs aguardam ansiosos. A faixa chegou nesta terça-feira (20), às 20h, em todas as plataformas de áudio pela Som Livre. A música, que traz um feat com o rapper Criolo, aposta em uma narrativa com dupla função: enquanto de um lado narra um retrato do Brasil atual e (sur)realmente distópico, do outro faz uma convocação ao poder popular de reação e mobilização. O tom crítico característico é um dos pontos altos dos trabalhos do Planet Hemp, e ainda mais simbólico em “Distopia”, ao levantar debates necessários e urgentes no momento presente.
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O single chega acompanhado de um videoclipe no mesmo mood provocativo e rock’n roll, este último presente em parte na sonoridade, que se alia à influências do hip-hop, mas 100% na atitude subversiva. Com direção assinada por Marcelo D2 e produzido pela sua produtora Pupila Dilatada, o videoclipe traz o quinteto formado atualmente por Marcelo D2, BNegão, Formigão, Pedro Garcia e Nobru ao lado de Criolo, em takes que alternam cenários urbanos de protestos e batidas policiais, com outros em meio à natureza. O surrealismo também está presente ao trazer um BNegão grande demais para a pequena sala de jantar da família tradicional brasileira – que para bom entendedor, meia palavra basta -, enquanto expõe rimas como “O olhar dos que não enxergam, eles querem te julgar /Deixa con- /Deixa con- /Deixa condenar /Isso é pra libertar, semente germinar /Espírito no comando, liberdade para as mentes já”. Os fãs mais atentos vão captar ainda dicas sobre o título do próximo álbum do grupo, que tem previsão de lançamento para o final de outubro.
“Gravado em quatro dias pelo Rio de Janeiro e dividido em doze cenas, o clipe de Distopia é um grande trailer do que vem por aí no audiovisual de todo o disco”, declara Marcelo D2. A crítica ao sistema vigente segue em versos como “Os que detêm o poder precisam ter medo /Medo do povo” e “Fé cega, radicalismo, sério, só pode ta zuando /Tá tudo errado irmão, então pega a visão /Pobre defende rico /empregado, o patrão /Político vira herói, juízes super heróis”, cantados por D2.
A proposta combativa e questionadora da produção – tanto na letra quanto no clipe de “Distopia” – se torna impossível de descolar do cenário sócio-político atual, principalmente se considerarmos o timing próximo às eleições. Quando perguntados se a track tem cunho político, o grupo expõe sua visão: “O Planet Hemp sempre foi um movimento de contestação. As nossas letras, que um dia já nos levaram pra prisão, são o reflexo do que a gente pensa sobre esse sistema, sobre o ideal coletivo e a nossa forma de expressar através da música o nosso manifesto. Vai muito além de um discurso político, é um discurso musical muito mais profundo sobre liberdade de pensamento”.