Construído de forma totalmente independente, Eros 021 lança seu primeiro disco de sua carreira. Com apenas 22 anos, o artista joga na pista o inigualável “BENÇÃO”, álbum que fala muito sobre as vivências de um jovem negro, pobre e de periferia, mas que independente das suas lutas, continua de pé seguindo sua caminhada e alcançando novos horizontes.
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Apesar da pouca idade, Eros já se mostra um gênio lírico, capaz de competir com grandes nomes da cena e promete ser a próxima aposta do verdadeiro rap nacional. Com flows diferentes e um timbre de voz marcante, o artista consegue de forma certeira impor suas ideias e questões nos versos do disco, além de participações especiais de Rayse, Deulefeu e Sam Franklin que contrastam com a voracidade de João em algumas faixas, o projeto carrega também produções musicais que são uma verdadeira obra prima: sujo, agressivo, inovador e sampleado, definem o que “BENÇÃO” exala em sua musicalidade, saudando muito bem os anos 90 do hip-hop enquanto ao mesmo tempo traz a atualidade da cena.
Sobre os Castelos E Ruínas da sociedade, seria uma Heresia dizer que “BENÇÃO” é um disco fraco. O projeto carrega vigor, energia, e aquela sensação de: “aqui nasce um clássico”, assim como temos com os primeiros álbuns de Djonga e BK’, na qual as referências estão claras nesse disco, tanto nos beats quanto na escrita.
A AMBIGUIDADE:
Entre o preto e o branco, o errado e o certo, o crime e o perdão, “BENÇÃO” exala seus dois polos: o norte e o sul de um artista que busca um lugar ao sol mas prefere pedir desculpas antes de pecar. Seja pela identidade visual, cantores em colaboração, ou a própria escrita de João, esse disco possui um “lado a e lado b” nas suas entrelinhas e dois versos que chamam atenção para isso são:
“Tô rezando pra cristo me perdoar, minutos depois mando se f*der
Eu não tô ligando se blasfemar, minha caôzada eu vou resolver.
Becos e vielas, demônios vivos
Minha área como a cena de um filme
Cachorro latindo, bares, igrejas
Nós oramos, mas nós honramos o crime.”
Toda essa oração pode ser entendida exatamente como é escrita, sem metáforas. Rezas e raivas de alguém que busca o topo, mas só encontra lama no trajeto. E é nessa linguagem “sórdida cristã” que se encontra “BENÇÃO”, os relatos de um jovem abençoado que vive no inferno.
Foto: Wagner Nascimento – @wagnrskt